28 dias -Capítulo 3 -Sinceridade

"Recebi sua carta pela manhã, então, bom dia! No início, nem quis ler, mas agora, desanimei mais ainda.
(Seunome), comece a falar sem "saudações" chiques e blá, haja naturalmente!  E sim, me importo em ficar conversando com uma estranha por vinte e oito dias. Portanto, espero que possa mudar de pessoa, porque sinceramente: Não prometo ser delicado.  
Meus dias? Nada de importante. Aprendo babaquices de como se portar e abandonar o vício, a noite como a segurança é super reforçada (ironia), acabo fugindo, me drogo e converso com uns ex-amigos. Tchau." 

Balancei a cabeça negativamente, peguei o lápis e pensei em algo para escrever...
  -Maninha... Papai e mamãe quer te falar algo. -concordei e pedi para que eles viessem até mim.
  -Filha... -meu pai estava com os olhos avermelhados e minha mãe respirando de forma descompassada. Meu irmão pegou uma cadeira e pôs ao meu lado. -Seu pai e eu vamos no separar. -olhei meio que sem acreditar.
  -Ah... Por quê?- cerrei os olhos.
  -Na verdade, só vamos dar um tempo. -papai esclareceu.
  -Tudo bem.-concordei. -Podem me dar licença? -abaixaram a cabeça e saíram.
  -Eu te amo. -meu irmão me abraçou forte e levantei para abraça-lo. -Pode chorar.
  -Não consigo. Pode me deixar sozinha? -concordou e beijou o topo da minha cabeça. Olhei pra carta e comecei a escrever.

"Desculpa então, Liam! Hoje vou começar te desejando uma boa noite, porque a minha está péssima. Meus pais vão se separar e ainda não faço a mínima ideia de como reagir. Lógico que falar com um estranho não é o melhor jeito. Hoje minha professora achou que eu vendia drogas''

Coloquei uma pequena conclusão na carta, enrolei num pergaminho e colei com um pedacinho de durex para fechar, igual a ontem.

      Fiquei pensativa em relação a meus pais... Ninguém deveria saber, ainda não é definitivo. Não cheguei a criar coragem de falar com meus pais e saber quem irá sair de casa por tempo "indefinido" mas que espero que seja bem rápido.
      No outro dia, acordei toda jogada. Entrei num banho rápido, me arrumei, desci a escada com o pergaminho na mão, acenei pra minha mãe sentada no sofá e saí de casa. Passei no correio e fui pelo caminho mais rápido. Por mais que eu quisesse refletir e por uma música para tocar, não correria o risco de ir pelo outro caminho e minha professora me subjugar.
  -Hey! -Dudu me cutucou me fazendo pular de susto -Calma! -ergueu as mãos e rimos.
  -Tudo bem? -assentiu
  -Mas você que não parece tão bem, né? -continuamos andando
  -Só uma péssima noite de sono. -bocejei e ele riu, acho que acreditou. -Vamos comigo ao correio. -o puxei, entreguei a carta e em menos de duas horas, Liam receberia.
  -Então... O Payne é legal?
  -Não muito. Ele é grosso mas parece ter um pequeno senso de humor. -tentei achar algo bom em Payne.
  -A minha é uma tal de Karly, com K- rimos.
  -Karly com K? Inovador! -zoei.
  -Ela é legal, mas ela tem tipo... Trinta anos.
  -Tipo trinta? -falei pensativa.
  -Vai fazer trinta e um semana que vem. Vou dar um presente a ela, por carta é claro! -sorriu
  -Que gracinha, senhor Eduardo! Se superando! -gargalhamos e chegamos na escola.

        A noite, fui checar minha caixa do correio e já estava lá a carta de Liam, dessa vez, em forma de pergaminho.

"É... Não me comovi com sua "história" existem coisas mais difíceis na vida do que seus pais separarem, digo por experiência própria. Pelo menos uma coisa netsa carta me animou, você não fingiu ser alguém gentil e compreensiva. Ninguém é! Só se fazem. Boa noite! Mas antes... Por que sua professora não colocou-a para mandar por e-mail? Se ela acha que não existe tecnologia aqui, está enganada, aqui tem uma enorme Lan House Free"

   De um jeito totalmente estranho, me vi rindo do que Liam havia escrito ao final.

"Não era pra se comover, não preciso de pena. Não sei, ela é meio cheia de blá, blá, blá! E-mail é bem mais convidativo porém ela deve achar legal o desespero de certos alunos esperando uma carta. Hoje meu amigo perguntou sobre como você era, não sabia o que dizer e disse que tinha um pequeno senso de humor. O que houve de bom no seu dia? Tchau!"